sábado, 12 de julho de 2008

Uma viagem observatória

estou no ônibus,
e ele passa, passam casas e passam postes, passam pessoas e elas tambéms passam.
quem as leva não sou eu,
elas são transeuntes, obsoletas em encontrar a felicidade tão comentada pelo mundo.
estou em pé,
e assisto a pessoas q tem uma vida mediocre, se comparadas a si mesmas. Todas tão satisfeitas com o que já fizeram, que descansam em pleno momento de ascensão moral.
um lugar se vagou,
no ônibus, no cás, em qualquer parada - um aperto mais forte. Pessoas sendo observadas, por mim, por outras, e sentem-se necessárias no contexto em que vivem, e fazem uma experiência simples se tornar cada vez e mais conturbadora.
olhei e pensei,
se deixaria q a vaga me escapasse, se era o momento de parar a avaliação constante de meus suspostos semelhantes. Não, era o que eu tinha a dizer. Esperei
ela sentou,
mas não antes de sorrir com parcimônia, de canto de boca recebi um recibo de que tinha feito uma boa ação. Mas eu não me importei com a sua vida sofrida de 'proletariada' em pleno XXI, fiz por mim mesmo e faria de novo.
me cansei,
por uma escassez de vidas alheias q fossem interessantes, e merecessem minha avaliação. Foi momentâneo, não queria ser idagado por um esbarrão
que me desconcentrasse,
de uma auto avaliação, pois o vidro estava limpo e eu me enxergava, era a hora que eu esperava a tempos e nunca puder ter. '- Anda, não enrole!' pensei, mas não disse, era era vergonhoso.
Preto duro,
meu cabelo. Bagunçada e dura, minha sobrancelha. Constante e irritante, lamentava meu tic nervoso. E ainda sim não estava me avaliando, talvez por medo ou por não ter razão alguma de ter que me jogar contra a parede só porque achava sensato.
Sim,
era esse o motivo, era sim eu assumo. Tinha de fazer, era ali ou nunca. Segurei mais firme, no desembarque do sedentário comilão, me olhei nos olhos e percebi que...
Ela levantou,
pra descer e eu sentei-me ali, confortavelmente olhei para o banco da frente e não me vi. O que aconteceu com o rapazinho, intrigante que me aguçava as lembranças mais vagas possiveis,
não sabia,
e assim fiquei.

Gregório Darantes Costa

Nenhum comentário: