Senhor, eu sou doida por novelas, mas elas hoje estão muito "modernas". Outro dia, meu netinho, o Paulinho, entrou de repente na sala, justamente, na hora em que, do nada, apareceu na telona coisas que me fizeram ficar "vermelha". Senhor, o Paulinho me deu a maior "bronca", mais eu sou inocente. Eu preciso de alguma coisa nova para fazer que valha a pena.
Ensina-me a fazer silêncio sobre minhas dores e doenças. Elas estão aumentando e, com isso, a vontade de descrevê-las vai crescendo a cada ano que passa. Não ouso pedir o dom de ouvir com alegria a descrição das doenças alheias; seria pedir muito.
Mas, ensina-me, Senhor, a suportar ouvi-las com paciência. Ensina-me a maravilhosa sabedoria de saber que posso estar errada em algumas ocasiões. Já descobri que pessoas que acertam sempre são maçantes e desagradáveis. Mas, sobretudo Senhor, nesta prece de envelhecimento peço que mantenha-me mais amável possível.
Livra-me de ser uma santarrona, pois é difícil conviver com os santos. Mas uma velha muito rabugenta, Senhor, pode ser uma obra prima do diabo!
Poupe-me!
Amém!"
Carla Rieke
domingo, 20 de julho de 2008
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