segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

PEQUENAS IMPERFEIÇÕES

Existem algumas coisas engraçadas no Amor, dessas que a gente descobre nas inúteis tentativas de explicá-lo.
O Amor é um bichinho que quando nasce, sofre inúmeras mutações, quem já amou sabe disso. Explicar, definir, entender, isso ninguém vai conseguir, mas o fascinante exercício de amar deixa algumas dicas.
Quando amamos de verdade percebemos que o Amor transborda de nós através de alguns sintomas. Um deles é o estranho e confuso sentimento de nos apegarmos às pequenas imperfeições.

Na verdade, nos apaixonamos também pelas pequenas imperfeições.
Vinícius de Moraes grande poeta apaixonado dizia: “Se não, é como amar uma mulher só linda, e daí? A mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza...”

Homens desejam mulheres perfeitas, constróem musas, são seduzidos por modelos de revistas, assanham-se pelo simples pensamento. Mas só se percebem apaixonados quando se vêem seduzidos e reféns das pequenas imperfeições.
Pequenas imperfeições deixam cortes profundos em nossa saudade, e nos deixam atônitos como machões idiotas quando sentimos a inexplicável falta:

Do respirar ofegante, o ronronar (jamais use a palavra “roncar” pois representa falta gravíssima...) quando ela dorme, mas que faz uma imensa falta nas noites de cama solitária.
Daqueles infinitos atrasos e demoras para uma super produção, mas que nos deixa estonteantes pela beleza, pelo perfume, e pela capacidade que somente elas têm de arrebatar um homem no primeiro olhar que questiona – Como ela consegue ser surpreendentemente linda?
Daqueles filmes de amor melado que ela obriga você a assistir nas tardes chuvosas, mas que proporcionam cochilos e sonecas dos anjos no colo dela ou até uma transa inesperada quando mesmo sem ela admitir, o filme tornava-se cansativo.
Daquele mau humor matinal, mas que deixa de sobra um olhar “entre linhas” de que a noite fora incrível.
Das dietas mirabolantes que te submete a aspargos e sopas ralas enquanto sonhava com churrasco e comida chinesa, mas que nas recaídas faz dos chocolates e morangos com chantilly o mais românticos dos presentes.

Das TPM’s e suas tempestades emotivas (e engraçadas) que naturalmente trazem à tona as conhecidas lamentações nas reuniões com os amigos no bar, mas que no fundo nos mostra o orgulho escondido que sussurra em nossos corações - “Sorte a minha ter uma namorada (esposa) para poder lamentar por isso...”.

Dos intermináveis telefonemas para as amigas, ou das horas a fio conectada na Internet que nas 99% das vezes que você tenta ligar pra ela sempre dá ocupado, mas que torna heróica a conquista da conversa que entra madrugada a fora no pelo simples pretexto do – só liguei pra te dizer te amo!

Enfim toda mulher é perfeita pro homem que a ama porque está repleta de pequenas imperfeições.
As imperfeições só serão pequenas se forem capazes de serem toleradas, e pra isso há de se ter amor.
Mas há de se tomar cuidado para que as imperfeições permaneçam pequenas, para que não falte espaço para o Amor.
Aqueles que por medo ou pelo comodismo machista relutam em admitir que amam, fiquem atentos. Quando começar a pintar aquela coisa esquisita chamada “inexplicável tolerância”, acreditem, vocês foram mordidos pelo bichinho do Amor e essa intensa e indescritível admiração pelas pequenas imperfeições será o terreno fértil para que as lembranças e de um grande amor, sejam num futuro distante, a
mágica eternizada do inexplicável sentimento que perdura, mas que mantêm acesa a paixão pelas pequenas imperfeições. Mesmo quando diante
dos seus olhos estiverem nada mais do que uma simpática e graciosa
velhinha de cabelos brancos numa cadeira de balanço. Ainda assim
você só notará nela “pequenas imperfeições”.

Daniel

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