segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Carta de um pai para seu filho....

Amado Filho
Espero que o dia em que este velho não seja mais o mesmo, tenhas paciência e me compreendas.
E quando deixar cair comida sobre a minha camisa e esquecer como se faz o laço no atacador do meu sapato, tenhas paciência comigo e lembra-te das horas que passei ensinando-te essas mesmas coisas.
Se quando conversares comigo eu repetir as mesmas histórias, não me interrompas e escuta-me. Quando eras pequeno, para que dormisses, tive de contar milhares de vezes as mesmas historias até tu fechares os teus olhinhos.
Quando estivermos reunidos e sem querer fizer as minhas necessidades, não fiques com vergonha.Espero que compreendas que não tenho culpa disso, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes pacientemente, troquei as tuas roupas para que tivesses sempre limpo e cheiroso.
Lembra-te que fui eu quem te ensinou tanta coisa...Comer, vestir e como enfrentar a vida tão bem como hoje o fazes. Isso é o resultado do meu esforço e da minha perseverança.
Se em algum momento quando conversarmos eu esquecer-me do que estávamos a falar, tem paciência comigo e ajuda-me a lembrar.Talvez a única coisa importante para mim naquele momento, seja o fato de te ver perto de mim e dando-me atenção e não o que falávamos.
Se alguma vez eu não quiser comer, espero que saibas insistir com carinho assim como fiz contigo.
Espero que compreendas que com o tempo não terei dentes fortes nem agilidade para engolir.
E quando as minhas pernas falharem por estarem tão cansadas e eu não conseguir mais me equilibrar...Com ternura dá-me a tua mão para me apoiar, como eu o fiz quando começas-te a caminhar com as tuas perninhas tão frágeis.
Se algum dia me ouvires dizer que não quero mais viver, não te aborreças comigo.Algum dia entenderá que isto não tem a ver com o teu carinho ou com quanto te amo.
Espero que compreendas que é difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo, e que é duro admitir que já não tenho o mesmo vigor para correr ao teu lado.


Mandado por Carla Reike

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