sábado, 22 de março de 2008

A arte do abandono

A arte do abandono

Abandonar... Trata-se de um termo considerado negativo pelo senso comum da socidade. Ele remete à perda, à separação, ao sacrifício, quando o que a sociedade valoriza é o ganho, a soma e a obtenção de cada vez mais. Todos se dedicam a atividades de ganho, seja cultural (estudo) ou financeiro (trabalho), mas muito pouco é dedicado ao abandono.

É natural, na existência cíclica que vivemos, que as coisas percam o seu valor e necessitem de renovação. Para haver um fluxo de harmonia na vida, é importante aprender a liberar tanto quanto a receber. Quando se acumula bens, idéias, emoções, dentre outros, com o tempo, a mente passa a integrá-los em sua existência e não consegue mais distingüir o que é inato e o que é adquirido. Quando isso vai embora, sua perda é sentida com sofrimento, como se fizesse parte da pessoa. Tudo tem o seu tempo de validade e o melhor que podemos fazer é aprender a lidar com essa lei natural.

Uma das principais ferramentas para esse exercício é a meditação. Ao meditar, todos os pensamentos e emoções são deixados de lado. Para nos encontrarmos, tudo é abandonado - seja algo agradável, doloroso, sagrado ou profano. O importante é a experiência direta de permanência no vazio. Quando tudo é abandonado, algo permanece, pois há uma força natural para que as coisas encontrem o seu caminho. Ao se esconder as jóias, os interesseiros se vão, mas os amigos que realmente importam ficam. No caminho da verdade, só o que é real tem valor.

Marco Moura

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